segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Outra


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Minha primeira tirinha

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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pensamento do dia



São do tempo as torrentes valorosas da revolução.
Mas é dele também o lapso inevitável da brandura.
LB yesterday's


The Persistence of Memory
Salvador Dalí, 1931


terça-feira, 12 de agosto de 2008

... and then I met David Lynch

Quando cheguei na Travessa do Shopping Leblon já estava formada a fila. Até então ela cabia dentro da livraria. Ali descobri que o evento havia sido remarcado para 1 hora depois do divulgado. A espera, curiosamente, não foi desagradável.

Quando ouvi o tema do diretor playboy de "Mulholand Drive" sabia que era o anúncio da sua chegada. Não deu outra. Ele adentrou o ambiente bucólico de lindos livros encoberto por uma luz.

De repente já era a minha vez. O segurança tomou de arranco o livro da minha mão. Saltei rapidamente para aproveitar cada segundo do meu tete-a-tete com o mestre.

Ele autografou meu "Em águas profundas" e quando se virou pra mim encontrou um sorriso. Retribuiu-o e esticou sua mão. Estiquei a minha e ele apertou. Apertou forte e segurou.

- I bought your book a few weeks ago and I read it. (pausa) Thanks for writing it.

Foi o que consegui dizer. O "thank you" dele em retribuição soou por duas ou três vezes.

Fim do diálogo, mãos se soltaram. Saí da fila tremendo de uma energia absurda. Tontinha, fiquei olhando pra minha mão em riste no ar, vermelha com pontinhos brancos.

Existem mil coisas que eu gostaria de falar pro David Lynch, mas não era o caso de se traçar mil linhas. Saí feliz porque disse o que disse e consegui algo precioso pelo qual eu não esperava.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O futebol

Hoje o Rio amanheceu de luto. O sol foi engolido pelas nuvens como o grito pelo tricolor. A esperança desvaneceu. Nesses dias de espectativa pré-decisão fui indagada:

- Desde quando você assiste a jogo?

- Eu não sabia que você gostava de futebol.

A questão é mais complexa do que simplesmente gostar ou não gostar. Venho de duas gerações conseguintes de mulheres graduadas em Educação Física pela UFRJ. Minha vó, já na década de 30 corria nas quadras. Quando pequena, eu não faltava à uma aula de suadouro na escola – e olha que tinha que madrugar pra comparecer. Treinei por anos no time de handbol da escola. No segundo grau também joguei no de futebol de salão. Fiz diversos gols. Posso ser considerada uma espectadora minimamente iniciada. Mas torcer por futebol no Brasil é uma história que vai mais longe.

Tenho pavor do fanático por futebol tanto quanto do religioso. Há casos de perda total de racionalidade e bom senso. Lembro de um maluco – louco mesmo! – que parecia ter uma única certeza na vida: o amor pelo Fluminense. Como segurar um desses na noite de ontem?

Outra coisa que não me apetece é essa farofa de time de bairro. Um do lado do outro se odiando por causa de uma coisa idiota. É tudo carioca, folgado igualzinho. Se é bom enquanto dura, não tem que ser ruim depois. Que mania de estragar a brincadeira no final!

Tem mais. Devo confessar aqui que faço parte do grupo mais desprezado pelos torcedores de futebol: eu sou vira-casaca. Sou como um ateu para o muçulmano, ainda pior que um judeu. Eu sou a escória da raça. A inocência infantil fez com que me convencessem não só que eu deveria ter um time, como de que este só poderia ser o Flamengo. O mesmo cara que treinou o Flu pra final da Libertadores me seduziu há muitos anos atrás. Sai fora, urubu. Se existe livre-arbítrio, eu quero é gol de barriga.

O desfecho da partida de ontem no Maracanã foi trágico. Eu só não me conformo com o carioca que fica feliz com isso. Que prazer sádico! É por isso que eu gosto mesmo é de jogo do Brasil, todo mundo no mesmo balaio! Mas o Rio se sentiu traído. E nada me tira da cabeça que esse tempo nublado é uma vingancinha da cidade. Hermanos, fiquem com o título, mas hoje vocês não vão comemorar na minha praia!

sábado, 14 de junho de 2008

Meu dia


Não existe livre-arbítrio! Obedeço, apenas obedeço à vida. Meu coração vive fora do meu corpo. Aí é assim... Ele fica vulnerável e não sabe se defender sozinho. Às vezes preciso saltar e pegá-lo já lá nas alturas. Vive querendo fugir, mas eu não deixo não. Se não quer ficar bonitinho aqui dentro, que pelo menos fique por perto. Pois então... hoje seria o meu dia, mas eu não sou mais minha faz tempo.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Meu poema


Eu fiz esse poema assim:

Fiz pra você e fiz pra mim.
Fiz pra ver se encaixa aqui.
Pra saber se cabe em si.

Condenado à triste sina
Nunca aprende nem ensina
Sempre exibe um fatal
Nu suspiro tão sacal.

Meu poema sem começo,
Só eu mesma que conheço,
Porque sei que tem ao fim
Um quê de feito por mim.



segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sorte do Dia


Tente ser prático/a, mas não esqueça de analisar suas opções com atenção. Confie em si e guarde um tempinho para estar consigo. Ah, lembre que as pessoas em torno de você estão vivas... Boa sorte!



sexta-feira, 28 de março de 2008

Metaphóra

'Toda vez' é muita coisa. São todas as que houveram e as que ainda estão por vir. São acasos que têm em comum um mesmo acontecimento. Toda vez que. Ainda que se tenham passado apenas duas situações, posto que uma não é o suficiente, é sempre. O 'toda vez' pressupõe a idéia da continuidade de algo. Perceber que 'toda vez' é dar-se conta de uma repetição. É querer ou não. É acreditar, ou não. É buscar em algum lugar um motivo para pensar.

Vivida a experiência do acontecimento repetido, o instante exato do clímax no 'toda vez' ocorre com a constatação. A mente que a opera pode ter infinitas identidades. Algumas, certamente, afeitas ao exagero, mas nada que se constitua um 'todas', por exemplo .

Normalmente o 'toda vez' aparece como um tapa. Pôxa, toda vez ! Mistura desejo e sabedoria. Confunde, e talvez por isso haja, em geral, um certo respeito à expressão. Paira o receio do equívoco, da permanência das influências, de si mesmo. Quero eu convencer-me de algo?

Na verdade, o 'toda vez' é um processo que vai dar lá em algum conhecimento. Tenha o fato da constatação fundamentos da natureza que for, algo permanece. Toda vez. O que se faz com isso é o que é. Pois sabemos que um círculo termina aonde começa, mas e se a certeza for uma coisa quadrada?


sexta-feira, 21 de março de 2008

Hoje

Para um dia desses que a gente começa mal, até que hoje fez molde pra chave e não economizou em ouro. Quando Carlin se referiu aos dias me confundiu. Eu achando que o porteiro da noite também perdia a noção do limite entre essas coisas. Não. Ele tá todo dia entre o hoje e o amanhã. Precisa se colocar verdadeiramente frente aos conceitos.

Todo mundo achou uma maravilha quando se avistou um lugar aberto. Comida! Povo faminto, ávido por qualquer mastigável que se apresentasse. Cada um na sua, muitas, muitas diferenças. Em comum, a fome e a esperança acompanhada de uma certa dúvida. A pizza pedida na quinta, chegou na sexta. Os garçons, de certo entediados até então, uma vez animados não falharam. Muito ouviram dentre gemidos e lamúrias dos estômagos a roncar. Depois retrucaram. Demorou, mas valeu a pena? Está gostosa a pizza? O silêncio foi a resposta exata.

Amigos do início ao fim. Bom pra eles nos verem, bom para nós gostarmos e fazermos parte de um sucesso incontestável. Uma festa inegavelmente delixious. A bilheteria fica aberta até que horas?

A imprensa também tropeça. A fila maltrata, mas redime.

Alguns mudaram seus planos. Um feriado prolongado. Felizes dos estudantes! Todos os acasos se esbarrando. Oi, eu vim.

Vim, fui e fiquei. Tive com os meus, aceitei os seus e assim fizemos de uma noite-dia história na vida de uma meia dúzia.





sábado, 15 de março de 2008

Espelho de Artaud

Foi quando eu vi o o auto-retrato de Van Gogh na tela. Cliquei. A casa virtual do Danilo tava bonita estampada em pinceladas. Ele achou um teste desses aparentemente pointless não sei onde, fez e divulgou. Adoro testes! Ótimo pra preencher essas horas com um vácuo incomensurável. Esse é pra você encontrar o seu gênio insano (http://mundoinsano.no.sapo.pt/index.html ). Achei engraçado. Topei.

Primeira pergunta e me senti tão cliché... Sete opções de profissões pra escolher e insisti na minha. Deve ser burrice. Tão divertido ser andarilho ou conselheiro, por que essa coisa com cinema? Eu hein.

Das características que me apresentaram, fiquei com a expressiva. Não porque eu me ache muito expressiva. Foi simplesmente a que encaixou melhorzinho. Não me definiria como excêntrica, embora possa até ser. Passional também não vestiu a carapuça. Ciumenta ficou foi bem longe (taí uma coisa, thank god, que eu não sou!). Espiritualista, impaciente, idealista, ih! nada a ver comigo. Próxima.

O clima foi esquentando: ambição! Que tortuosos os caminhos da ambição. Vamos ver o que o jogo me traz. Entender a natureza humana, definitivamente não. Ambição perfeita pra frustração, coitado de quem tem. Na verdade, nessa pergunta, o verbo da sentença entrega a resposta. Não quero entender nada, não quero ser isso ou aquilo, viver assim ou assado, muito menos me estressar com vingança. Causar. Isso sim, causar! E de preferência impacto.

A quarta pergunta era só ser sincero consigo mesmo. A resposta fica com os fatos, afinal a gente é mais chamado daquilo que os outros chamam a gente, não é? E daquelas palavrinhas ali a que eu mais escuto é a que tem a ver com a loucura mesmo. Por que vocês me acham louca, meu deus? Eu, uma menina tão normal! Mas não vou entrar neste hall de discussão. Prossigamos.

A parte de filme normalmente é um drama pra mim. E aquela lista tá boa! No entanto, não deu muita questão. A Laranja Mecânica sorriu pra mim, mas eu passei a mão na Mulholand Drive e saí correndo. Stanley que me desculpe, mas Lynch é a minha cara!!!

Li aquele monte de frases com muita atenção. Qual seria a minha predileta? Uma delas insistia na idéia de vingança. Que coisa! Será que os vingativos são tantos assim nesse mundo ou são do tipo que a gente tem que insistir pra admitirem o veneno? A última combinava não só comigo, mas especialmente com meu espírito do dia. Cheia de questionamentos, caminhos de raciocínio tortuosos e uma conclusão brilhante. Adoro conclusões! Me ganhou. É você, nêga.

De todas as manias estranhas que me acompanham nesta vida, uma delas estava lá: falar sozinha. Mandar presente pelo correio? Que isso, minha gente! Alguém tem isso? Alguma coisa especial com o correio? Tão bom dar presente e ver a carinha da pessoa feliz. Não tomar banho não me pareceu uma mania propriamente. Pra mim não tem desculpa, o nome disso é porcaria. Quem marcou essa tem brazão da família Landrassa em casa.

Perguntaram como eu imaginaria a minha morte. Me pegaram. Eu nunca imaginei minha morte. Tudo bem, vamos imaginar, então ué. Se eu ficar obcecada pelo assunto depois, a culpa é desse teste. Vocês estão testemunhando isso!!

Passou do fundo ao topo; onde gostaria de morar? De repente fica uma delícia isso. Um monte de opções na sua frente. Parece que à distância de um clique você está onde quer. Paris, por favor. E vamos logo que eu estou com pressa, motorista.

A chave de encerramento é a dos relacionamentos. Deve ser aí que você se expõe definitivamente. Se esquivou até aqui, agora não escapa. Qual é a tua, malandro?! A gente quer saber que maluco você é.

Antoin Artaud. E eu gostei. Brincadeira gostosinha. Clique aqui e saiba mais sobre o seu louco. Descubra aqui que sendo
despretenciosamente sincero num teste como esse você pode esbarrar em informações que te desestabilizem. Porque eu descobri que nasci no mesmo dia que o cara.





quarta-feira, 5 de março de 2008

O sorriso dela

Tenho percebido um certo sorriso cínico constante em mim. São instantes de felicidade simples. Ainda que esteja a cabeça com problema escorrendo pelo ladrão, resiste a tal covinha discreta.

Às vezes lembro de momentos gostosos e me pego quase gargalhando, gritando na rua. Só percebo quando alguma alma pesada me lança aquele olhar de recriminação. Se é pecado ser feliz, eu disfarço. Tiro meu sorriso do caminho e deixo os doloridos passarem reto. Atravesso a rua.

Astros têm me facilitado a vida. Domingo fez um sol delicioso. Lá pelas duas da manhã a casa de infinita areia fez-se paraíso. Era tanta estrela, que a lua nova se tornou óbvia por dedução lógica. Mas como não há lógica na vida do céu, fomos maravilhosamente surpreendidos. Surgiu sorrindo para pobres mortais, ela. Minguante, prateada, deitada, o próprio sorriso do gato da Alice. Nós num mundo de simples maravilhas.

Naquele dia foi melhor o mergulho da noite. O mesmo mar que de manhã só nos cuspia espuma, agora convidava. Aceitei. A noite quente secou o corpo rapidamente e nenhum vento me gelou a espinha. Me senti parte daquilo tudo, como um quinto elemento. Senti que corriam os segundos de uma noite inesquecível. Sabia que o que eu via ali era o céu mais lindo que já se havia apresentado. Pensei, então, que era tudo mentira. Eu não estava ali. Ela não estava lá. Ou simplesmente era eu lá em cima, aquela lua felina, cínica e inacreditavelmente sorridente.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Gabaritando OkêOkê

Dia de serão é dia de chegar em casa cansado. Errado! É dia de chegar em casa bêbado. Gente... Quem sai de uma jornada de mais de 10 horas de trabalho e simplesmente encara o travesseiro resignado a acordar no dia seguinte e cair no batente de novo?

Ontem foi dia. Vernisage, boa noite, boa noite, sim senhor, sim senhora, afe! Tem hora que o sorriso cansa, que ser simpática cansa. Aí o que se faz? Cai-se num buraco esquisito cheio de gente meio estúpida. Batata pra se sentir o modelo de educação.

Assim foi a nossa ida ao Sal y Pimenta, um videokê gay bizarrinho na Lapa. Videokê é difícil fugir do trash, mas esse nem tentou. Uma drag com um coque de dreads coordenava o circo da cantoria. Vinham umas figuras sem noção ne-nhu-ma! Rolou até aquela fossa que só o Rei consegue. Ana Carolina bombando me enjoou um bocado. Mas eu não perdi o rebolado!

A cornitude tava solta no salão quando resolvemos dar um novo rumo pra discotecagem. A nossa galera já era uma piada. Os pessoal do O Dia em peso: Guil, Karlinha e o digníssimo Rafael, Manuelle, Bia... Kamille vinha com 3 gringos à tira colo. Um deles tava de gatinho dela. O gay ficou soltinho no bailado e o terceiro perdidinho, tadinho. Outra figura foi a Érica Martins que fez uma bichinha feliz quando topou que ele tirasse uma foto nossa. Pois é... Até isso rolou. Posamos!

Nosso grande momento chegou depois da drag furar um pouquinho a fila pra gente. A esta altura nosso povo estava infernizando, cantando uma atrás da outra. “Leila!!”, ela gritou. “C’est moi”, respondia à altura. Entre nós duas não cabia nem a peruca dela, então agarrei de imediato o microfone. Guilherme e Karlinha se aprochegaram.

Primeiro acorde e ninguém conseguiu entrar no tom. Muito engraçado! Foi o “Ohhhhh Darling” mais xoxo que já ouvi. Em compensação, daí pra frente foi só show! Nos esgoelamos na música que mas parece um grito de desespero: don’t, don’t ever leave me alone, John!!!! Soltamos todos os nossos demônios ali. Demos uma gotinha de beatelícia a cada pentelho cantador de Ana Carolina, essa consequência maldita do sapatomusic niteroiense que pegou a barca.

Olha, esperamos muito naquela fila de desafinados até chegar a nossa vez de soltar o gogó. Mas por uma coisa não esperávamos: a nota 100 que tiramos pela performance!!!! Ri descompensadamente e me senti satisfeita pra voltar pra casa. Descobri que em buracos sujinhos de gente meio estúpida não só se liberam demônios, mas também se colhem anjos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Inocência

Era uma vez uma criança feliz. Um belo dia ela meteu a cara onde não devia e ganhou uma cicatriz. Mas quem mesmo que disse que ela deixou de ser feliz? Eu, hein... Vocês têm cada uma...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Segredo de Brad

Brad é o gato do tipo que pega todas, sabe?


Basta um bla bla bla que elas topam qualquer parada na hora!


É sempre igual. Começa assim...



Mas não dá muito tempo e a história vira outra...




O cara é tão bom, que mesmo quando ele dá bolo nas gatinhas, elas não querem acreditar no abandono.


Mas ele é tão sacana, que uma hora elas caem na real!


Um dos caôs preferidos de Brad é se fazer de artista.

Mas Brad tem um segredo que o torna especial...


Brad tem um duplicador de imagem!!!


Calma, Brad. Sei muita coisa não. Só me falaram que...

Meu, deus Brad! Essa quase pegou a minha orelha. Se acalme, por favor...
É gente... o segredo de Brad vai ficar pro próximo blog.

Calma, leitor! Não me xingue!! Sou uma mera mensageira...
Ai, ai... Da arte pop de viver perigosamente na virtualidade...


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Dia dos Revoltados


Hoje é o dia dos indignados. Se você está realmente puto-da-vida, mas não tem um motivo especificamente que valha a revolta, adote o seu. Seguem algumas dicas:


Logo pela manhã, uma meia dúzia de desgraçados resolveu pentelhar a galera do Cordão do Bola Preta. Puxa, vida! São 366 dias nesse ano bisexto de 2008, tinham que esculhambar às vésperas do carnaval? Tudo bem que 2 milhões de reais é uma bela duma dívida, mas ela num apareceu de um dia para o outro. Aí o presidente fala em sabotagem. Não sei... Mas sabotador é assim, quanto mais a gente se “top top”, mais eles gozam.


E pra aqueles que conseguiam acreditar que “O ano em que meus pais saíram de férias” tinha alguuuma chance no Oscar, hoje teve o sonho afogado. O bichinho ainda passou numa seleção com 9 finalistas. Mas a chiquérima seleção do Óóóóscar topou 5 filmes da Ásia e Leste-Europeu. Sentimento de culpa, gente? Morde e assopra, bombardeia e condecora. Que isso! Busha não tá nem aí pra Oh!scar.

Mas eu senti o amargo da revolta foi na torcida do Tropa de Elite. É nessas horas que vagabundo se enche e diz: 'Por que não colocaram ele? Tinha muito mais chance!' Precisa mesmo responder??? Fala sério...

Foto 1: Aluizio Freire
Foto 2: divulgação do filme

sábado, 19 de janeiro de 2008

Lenda Viva

Nada pior do que a véspera da folga. Quando a hora do descanso chega é porque relamente estamos precisando. Os instantes caminham de trás pra frente em direção ao último minuto de resistência. Mas tudo começa quando é preciso abrir os olhos e levantar. Sim, levantar.

Nasce, sobrevivente, esse dia medonho. Alma rebelde, suja e maldita. É... ontem foi longe demais. Quase no limite, o corpo protesta. Tenho que obedecer. Sem ele não saio daqui. Dou-lhe dez minutos de cama, cinco deitada, cinco sentada. Respiro profundo.

Inevitavelmente ganho as ruas. Nessas horas os óculos escuros são essenciais. Penso que podia ser pior minha existência sem eles. Sorrio iludida. O raciocínio não presta nem pra atravessar uma rua. Conto com a sorte.

Alcanço o ponto de ônibus e me encaixo no banco entre dois velhinhos. Um sai. Às vezes me acho assustadora, tenho a impressão que afugento pessoas. Bobagem. Malucos eu atraio. E velhinhas simpáticas florescem em pedras portuguesas que é uma beleza:

- Está muito calor. Você também está sentindo?

- Ah, sim. Está muito abafado - respondo.

Penso que aquela pergunta poderia ter saído de uma mente quase culpada pela menopausa. Depois penso que não. Ela acordou querendo papo, isso sim. Eu ainda estou dormindo, esperando sentada que alguma nave espacial me tire daqui. De repente, passa desfilando frente à nós duas uma mulher. Do alto de sua imensa bizarrice, o lourão carcumido trajava oncinha e exibia grandes porções de sua carne.

- Esta moça, coitada. Ela deve ter algum problema. Eu a conheço de vista.

- É... eu também - arrisquei.

Contos do inimaginável túnel do tempo da vida... Teve um tempo em que Paloma, Fernandinha e eu fazíamos umas noitadas estranhíssimas em que caminhávamos boa parte da orla de São Francisco e Charitas. Numa dessas foi em que vi uma das cenas mais assustadoras da minha vida a poucos passos de distância. Local frequentado por seres fora do mapeamento biológico da existência, o The Best é uma casa de jogos com aquelas maquininhas hablantes além das micro-mesas de sinuca. Passávamos à frente da porta.

Eis que surge um homem lá de dentro trazendo uma coisa loura esperneante agarrada pelo braço. Fosse ela um desenho de história em quadrinho, veríamos caveira, tralha e riscos saindo de sua boca. A realidade sonora, no entanto, transformou a cena no centro das atenções rapidamente. Exposta ao ridículo, a descontrolada foi lançada pra fora pelo homem. Por um instante, a rua ficou perigosa.

Mesmo sem se lembrar do Cazuza, aquele restinho humano declarou em atitude que não poderia causar mal algum, a não ser a ele mesmo. Raivosa e sem dignindade, a louca não hesitou: arriou as calças, mostrou o que ninguém queria ver e esparramou aquele mijo na calçada.

Era ela. Lenda viva em plena aparição. Hoje é dia! Mas, amanhã, estou certa, os fantasmas terão ido embora.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Tempos Azuis

Adoro a Revista Bravo. Cada vez que olho pra uma banca de jornal, é ela que me chama a atenção. Não só pelas imagens, que estão sempre impecavelmente selecionadas e impressas. É pegar rapidamente, ler as breves da capa e não precisa mais nada: eu levo. Fala do que eu gosto de forma saborosa. Mas quando sento pra lê-la é sempre a mesma coisa. A agenda cheia contra a minha revista preferida.


Capa do mês:
Henri Matisse's Nu bleu (IV), 1952.
Gouache on paper, cut and pasted, and charcoal on white paper
103 x 74 cm @ Musee Matisse, Nice-Cimiez

Fonte da imagem: http://www.artchive.com/