domingo, 14 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Thirst, de Park Chan-wook



Vi ontem e ainda estou completamente maravilhada. Por muita sorte consegui entrar na sessão esgotada do Fantasporto das 23h de um sábado. Esbarrei num menino que tinha comprado um ingresso a mais quando a bilheteria não dava esperanças.

Basicamente, a história de um padre que vira vampiro, mas uma das melhores histórias de vampiros que eu já vi. Tá no nível de Hunger [Fome de Viver]. Roteiro bem desenvolvido com personagens profundos e coerentes. As imagens são construídas de forma artística e inteligente e os efeitos suavemente colocados à necessidade do vampirismo.

Não são sentidas as mais de duas horas da exibição. É pura catarse conduzida por um protagonista extremamente cativante. Pra que se dê valor à toda a rasgação de seda, coloco minha única crítica. Em alguns momentos, senti uma certa afobação no corte. O filme tem ritmo, mas o cinema oriental clama por contemplação. Vi precocemente interropidos alguns planos lindíssimos. Será a ocidentalização batendo forte o tambor?

Tive o prazer de assistir à trilogia da vingança [Mister Vingança; Old Boy e Lady Vingança] e desde então me apaixonei por esse diretor sul-coreano. Chamaria o primeiro de "filme de diretor", contemplativo e imagético. O segundo, "filme de montador", onde as técnicas de corte ajudam a criar a magia, atuando com grande importância na construção de idéias e sensações. O terceiro, é o "filme de roteirista", onde a história é que conduz o espectador. Pra mim, Thirst é o filme de um apaixonado pelo que faz!

Sigo louca pra ver I'm a Cyborg, But That's Ok.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cronos



Adorei esse filme. Não é só mais uma história de vampiro. Há alguma coisa de humano nele. O mote é bom, o desenvolvimento está à altura. O visual é o ponto alto e os risos estão garantidos.

Ah! Mas essa imagem do cartaz também é inventadona. Não tem mulezinha sensual no filme. E o que mais..? Preciso dizer que me indentifiquei com a menininha?

Tetsuo II - The Cyberpunk


Eita, filme doido. Depois de mãos-revólveres e fuzis peito afora, o tiozinho vira um tanque de guerra cheio de almas penadas acopladas. O filme é azul. O tom de verde do orelhão é pastel. Pastelão é o que ele faz com o gancho do telefone na perseguição. Sim, o diretor queria fazer o público rir. E consegue! As caras que o protagonista faz durante as suas transformações são hilariantes. Só não vi o cyber. Nem o punk...

Coco Avant Chanel


Tudo bem que o objetivo era mostrar a figura antes da fama, mas tinha que fazer um filme tão mela cueca? Sobrou romancinho. Faltou informação cabível e importante. Humpf!

Gostei mais desse cartaz aí de baixo. Só não existe imagem similar no filme... Excesso de liberdade representativa? Afe!


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Uma Pausa de Mil Compassos


Às vezes, o melhor é calar, porque há coisas que não se pode explicar. O nó na garganta é o prenúncio do inefável. A hesitação é delatora. O silêncio, conclusão. Um ser em expansão tem que ter consciência de sua condição. A verdade que hoje clama pode, amanhã, soar um grande blefe.

Eu não blefo. Sou do bloco dos sinceros. No entanto, aprendi que sinceridade não é sinônimo de fruição. Existe aqui uma ponte, uma coisa que leva à outra. Só que este é um caminho para raras travessias. Pois também eu, quando solto minha voz nas estradas, não quero parar. Mas se o caminho é de pedra, torna-se difícil sonhar.

Minha inocência desfaleceu-se. Não sei muito bem se agoniza ou simplesmente jaz. Mas nem tudo me é claro. Como reconhecer o momento exato? Como calcular a medida certa? Não sou pessoa de comportamento, sou da atitude. Não enxergo limites, mas sim horizontes. Não crio dificuldades, desenvolvo aprendizado. Não acumulo fracassos, apenas experiência.

Quando baixa a poeira é que se vê a trilha. Previsão não enxerga nada. Quando estica o braços, não toca. Deve ser usada vide bula:

Posologia: sensibilidade
Precaução: intuição
Reações adversas: privações
Contra-indicação: medo.

Eis aqui um grande vilão. Ter medo é coibir-se. É das coisas com as quais eu nunca soube conviver. Mas ele também nunca me pareceu sutil como agora. Sempre me foi tão assustador quanto aquilo capaz de causá-lo. Hoje vejo que ele pode ser discreto, incutido e pior, cultivado. É tal a felicidade, leve como a pluma. Quando achamos que ela se vai pousar, o vento a lança de volta para as alturas.

Não quero ser impávida como Muhammad Ali nem destemida como Luz del Fuego. Não entrego os pontos antes do apito final, mas também não posso, estropiada, enfrentar uma luta perdida. Só jogo se for limpo, não luto se for contra. Na dúvida, mergulho em mim mesma.

Além, só há o mundo. Assutador e renovador como a morte. Tranquilo e infalível como o destino dos bons. À velocidade estonteante da estrela distante. Sob a única certeza da certeza por si só. O óbvio revelado no sorriso quando nasce.



] músicas citadas [

Para Ver As Meninas - Paulinho da Viola
Travessia - Milton Nascimento
A Felicidade - Tom Jobim & Vinícius de Moraes
Um índio - Caetano Veloso
Luz del Fuego - Rita Lee

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Homem Vírus



n jkb klj-b-ljb ,lbb,jmb rápido biológico sabotador inevitável confuso certeiro discreto implacável lento difuso arrebatador constante repetido eficiente nada nada mal nada mais qualquer coisa vivo velho rancoroso deficiente maravilhoso inovador prafrentex santo e também pecador ríspido mesquinho medíocre dadivoso fingido meticuloso masculino invertebrado rrrrr grrrrr onomatopéico contínuo infindável inefável irreparável construtor demolidor passado futuro à frente figura humana objeto flor respiração sutileza sofrimento nããããão igualmente eternamente sangue sangue sangue sua seu daquele do meu rude vulgar refinado outro lugar sim sim sim só mais menos qualquer e não é coisa mmmmm palavra fluência franqueza fraqueza fanatismo exibicionismo esquecimento serventia fora fica fulano faça desfaça refaça carcaça cama altar feijão mágico joão ninguém alguém refém prenda presente construa crie minta desminta invente re re re re tudo fábula confabula restringe comprime resta água começo fingimento desdém fome humanidade garoa sótão paralisia sulfato retrato peneira cadeira gentileza gera gentileza paz amor pra dar e vender música mascote minoria som som som sintonia conjunção sabedoria sentimento sensação sentido contigo mais mais mais menos menos menos agora depois e mais oooooops e vai lá vai encontra dispersa reprime comprime retrata contrata acerta concorda retrai e sai vai ser feliz vai ser quem és vai vai vai vento nuvem leva leva luva minha mão livre livre livre sem com por parta onde qualque qualque qualquer um chegar sair entrar e ficar dizer nãããããão deliciosidades maravilhosidades complexidades carnalidadeCOMPRESSÃO

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Luz do Próximo Dia

.
No adeus do sol,
Bela lua não se vê.
Na vontade: peleja,
Frustração de quem deseja.

Formam-se nuvens,
Desaparecem estrelas
Ao sugar do profundo,
Só escuridão no mundo.

O tempo se perdeu
A caminho do impossível.
A nós resta tardia
A luz do próximo dia.

.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sem Inspiração

Para o meu bebê foca!
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Quem escreve um poema
Não pensa a linha.
Quem pensa o poema
Não escreve uma linha.

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Porque poemas não se escrevem assim de uma hora pra outra.
Ou será que sim?

Vapor


Respirar profundo e sorrir esta dor do tamanho do mundo.
Sentir neste devir a mais íntima vontade.
Saber que a cada devaneio ignorado
Gerada está uma nova pausa a se distanciar.
Transformar loucura em realidade.
Inquietar conveniências pela verdade.
Sentir que o que vibra não o faz inutilmente
E o que sobe à pele é o vapor do que dentro borbulha.



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LB em 16 de abril de 2006

Grito


Não havia ninguém na casa,
Ninguém ouviu.
Chamou, chamou,
Chamou alto!
Grito ecoa margem
Vaza carne e gasta
Rala e esmiúça
Confusa temperatura
Tecido polidividido
Plural.

Muito, mais
Massa, matéria, volume
Mundo incompleto
Impuro encoberto
Do pouco vai ao tanto
Do coro vai ao pranto
No gosto vence o santo

E lhe serve o que for de agrado
Que cresce
Floresce
Encanta
Incendeia.
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LB em 1 de julho de 2006

Poeira

Em bronze e pérolas a estátua calcificou-se.
Foi o choque, a temperatura, o frio
E um calor de instante alongado.
Endureceu de camadas a uma única pele.
A epiderme dura.

Poeira vai ao ar e pára e segue e venta.
Passatempo fica mais e cada vez mais
Um múltiplo microscópico sob o mito inteiriço.

Partículas se esquecem de ser e permanecem
O acúmulo morto que jaz em nova unidade.
Descoberto no rígido a passividade do estado.

O destino da bolsa fetal posto em renascença.
Um mergulho e a soltura.
Jogado ao chão ergue em busca de altura,
Crescente clímax de um fim cíclico.

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LB em 25 em agosto de 2006

Três Cânticos Para Uma Deusa

(1)

Eu sou a noite.
Vejo lua em todo brilho.


(2)

Podia ser a lua presa no papel,
Mas a ninguém pertence a lua além do céu.


(3)

Nova?

Não chore, meu luar
Hei de voltar
Eu te pertenço
Em ti me acendo
Quero estar inteira
Contigo sempre faceira

Cheia!


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LB em 11 de outubro de 2005

Ainda que Seja de Noite


"Nesta fonte está escondida
O segredo desta vida
Ainda que seja de noite"

Raul Seixas

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Desta fonte que bebemos,
A nascente desconhecemos.
E os tantos que dela se fartam,
O fazem por ilusão.

O mistério desta água,
Motor secreto e latente,
Rega a todos em esperança.
Se faz pai da humanidade,
Princípio ativo, calamidade.

Venham todos para o circo do prazer!
Aquele que se sentir ofendido,
Que tenha seu ingresso devolvido.

Fosse tão simples,
Restaria dar adeus à memória
Pois esta, na busca da história,
Vendeu-se por sonhos
E pensou conquistar nova consciência.

Se esta vida, por clemência,
Reconstrói o sujeito,
Espere esquecer-se.
E ao atravessar-lhe o caminho,
Em calma e sozinho,
Este outro lhe há de escapar.

Entre dúvidas assombrosas
E negações impiedosas
Esconde-se o mistério da fonte.
Um olho no mundo.
Coração profundo.

O futuro será feliz
Quando vir o passado por um triz.
A sede.
O ciclo.
O amor.

A fonte fez nascente nos olhos da tristeza
A procurar novos amores.
E renovar eternos dissabores.

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LB em 19 de maio de 2006