segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Vapor


Respirar profundo e sorrir esta dor do tamanho do mundo.
Sentir neste devir a mais íntima vontade.
Saber que a cada devaneio ignorado
Gerada está uma nova pausa a se distanciar.
Transformar loucura em realidade.
Inquietar conveniências pela verdade.
Sentir que o que vibra não o faz inutilmente
E o que sobe à pele é o vapor do que dentro borbulha.



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LB em 16 de abril de 2006

Grito


Não havia ninguém na casa,
Ninguém ouviu.
Chamou, chamou,
Chamou alto!
Grito ecoa margem
Vaza carne e gasta
Rala e esmiúça
Confusa temperatura
Tecido polidividido
Plural.

Muito, mais
Massa, matéria, volume
Mundo incompleto
Impuro encoberto
Do pouco vai ao tanto
Do coro vai ao pranto
No gosto vence o santo

E lhe serve o que for de agrado
Que cresce
Floresce
Encanta
Incendeia.
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LB em 1 de julho de 2006

Poeira

Em bronze e pérolas a estátua calcificou-se.
Foi o choque, a temperatura, o frio
E um calor de instante alongado.
Endureceu de camadas a uma única pele.
A epiderme dura.

Poeira vai ao ar e pára e segue e venta.
Passatempo fica mais e cada vez mais
Um múltiplo microscópico sob o mito inteiriço.

Partículas se esquecem de ser e permanecem
O acúmulo morto que jaz em nova unidade.
Descoberto no rígido a passividade do estado.

O destino da bolsa fetal posto em renascença.
Um mergulho e a soltura.
Jogado ao chão ergue em busca de altura,
Crescente clímax de um fim cíclico.

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LB em 25 em agosto de 2006

Três Cânticos Para Uma Deusa

(1)

Eu sou a noite.
Vejo lua em todo brilho.


(2)

Podia ser a lua presa no papel,
Mas a ninguém pertence a lua além do céu.


(3)

Nova?

Não chore, meu luar
Hei de voltar
Eu te pertenço
Em ti me acendo
Quero estar inteira
Contigo sempre faceira

Cheia!


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LB em 11 de outubro de 2005

Ainda que Seja de Noite


"Nesta fonte está escondida
O segredo desta vida
Ainda que seja de noite"

Raul Seixas

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Desta fonte que bebemos,
A nascente desconhecemos.
E os tantos que dela se fartam,
O fazem por ilusão.

O mistério desta água,
Motor secreto e latente,
Rega a todos em esperança.
Se faz pai da humanidade,
Princípio ativo, calamidade.

Venham todos para o circo do prazer!
Aquele que se sentir ofendido,
Que tenha seu ingresso devolvido.

Fosse tão simples,
Restaria dar adeus à memória
Pois esta, na busca da história,
Vendeu-se por sonhos
E pensou conquistar nova consciência.

Se esta vida, por clemência,
Reconstrói o sujeito,
Espere esquecer-se.
E ao atravessar-lhe o caminho,
Em calma e sozinho,
Este outro lhe há de escapar.

Entre dúvidas assombrosas
E negações impiedosas
Esconde-se o mistério da fonte.
Um olho no mundo.
Coração profundo.

O futuro será feliz
Quando vir o passado por um triz.
A sede.
O ciclo.
O amor.

A fonte fez nascente nos olhos da tristeza
A procurar novos amores.
E renovar eternos dissabores.

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LB em 19 de maio de 2006

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um hino ao STOP


ENQUADRAMENTO

O Centro Comercial STOP encontra-se em fase de transição. Como forma de sobrevivência, ele vem se transformando espontaneamente. O aspecto de abandono denuncia a emergência da reaplicação do espaço que já se encontra em andamento. Se inicialmente os músicos encontraram o STOP como solução, parece que a solução hoje para o STOP são os músicos. No entanto, são necessárias algumas modificações concretas, que fogem ao comportamento natural desta transformação que vem acontecendo.


OBJECTIVOS

Um hino tem por objectivo primário reafirmar a união de um determinado grupo. São clamados normalmente em dias de festejo, datas comemorativas, ou seja, situações de aglomeramento e comum alegria. Desta forma, o Hino ao STOP cumpre uma função mais que decorativa e ocasional, ela é propriamente funcional.

Instrumentos unem-se para soar uma música. Bandas devem unir-se para fazer soar o STOP. O Hino ao STOP é uma empreitada que colabora para a identificação do grupo. Através dele são criados espaços e situações de trocas interpessoais entre os membros. A condição do hino enquanto ponto de fusão pode ser elevada se somarmos à experiência sonora, a imagética.


CONTEÚDOS

Para construir uma narrativa imagética que se aplique a um som, deve-se tê-lo como inspiração. A característica caótica do Hino ao STOP merece atenção para a aplicabilidade das imagens a serem produzidas. Desta forma, são coerente as abstratas. Deve-se procurar reunir os múltiplas informações advindas deste universo para se atingir um conceito plausível. Ainda que intangível, o todo complexo irá resumir em uma identidade, embora difusa, coerente e contundente.


Tais imagens podem ser construídas a partir do uso de efeitos de câmeras de vídeo, do registo de projeções e também da edição.


CONCRETIZAÇÃO

A união ao som da imagem nele inspirada criariam um videoclipe. As imagens abstratas dariam a ele um caráter experimental. Para que se alcance o objetivo de reforçar a união e identificação coletiva dos músicos do STOP, ele deveria ser visto pela primeira vez em conjunto. Isto supõe um encontro com a exibição do trabalho e a troca da impressões sobre ele. Posteriormente, o material seria disponibilizado a todos através do site, plataforma virtual da comunidade musical do STOP.