domingo, 28 de fevereiro de 2010
Thirst, de Park Chan-wook
Vi ontem e ainda estou completamente maravilhada. Por muita sorte consegui entrar na sessão esgotada do Fantasporto das 23h de um sábado. Esbarrei num menino que tinha comprado um ingresso a mais quando a bilheteria não dava esperanças.
Basicamente, a história de um padre que vira vampiro, mas uma das melhores histórias de vampiros que eu já vi. Tá no nível de Hunger [Fome de Viver]. Roteiro bem desenvolvido com personagens profundos e coerentes. As imagens são construídas de forma artística e inteligente e os efeitos suavemente colocados à necessidade do vampirismo.
Não são sentidas as mais de duas horas da exibição. É pura catarse conduzida por um protagonista extremamente cativante. Pra que se dê valor à toda a rasgação de seda, coloco minha única crítica. Em alguns momentos, senti uma certa afobação no corte. O filme tem ritmo, mas o cinema oriental clama por contemplação. Vi precocemente interropidos alguns planos lindíssimos. Será a ocidentalização batendo forte o tambor?
Tive o prazer de assistir à trilogia da vingança [Mister Vingança; Old Boy e Lady Vingança] e desde então me apaixonei por esse diretor sul-coreano. Chamaria o primeiro de "filme de diretor", contemplativo e imagético. O segundo, "filme de montador", onde as técnicas de corte ajudam a criar a magia, atuando com grande importância na construção de idéias e sensações. O terceiro, é o "filme de roteirista", onde a história é que conduz o espectador. Pra mim, Thirst é o filme de um apaixonado pelo que faz!
Sigo louca pra ver I'm a Cyborg, But That's Ok.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Cronos
Adorei esse filme. Não é só mais uma história de vampiro. Há alguma coisa de humano nele. O mote é bom, o desenvolvimento está à altura. O visual é o ponto alto e os risos estão garantidos.
Ah! Mas essa imagem do cartaz também é inventadona. Não tem mulezinha sensual no filme. E o que mais..? Preciso dizer que me indentifiquei com a menininha?
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Tetsuo II - The Cyberpunk
Eita, filme doido. Depois de mãos-revólveres e fuzis peito afora, o tiozinho vira um tanque de guerra cheio de almas penadas acopladas. O filme é azul. O tom de verde do orelhão é pastel. Pastelão é o que ele faz com o gancho do telefone na perseguição. Sim, o diretor queria fazer o público rir. E consegue! As caras que o protagonista faz durante as suas transformações são hilariantes. Só não vi o cyber. Nem o punk...
Coco Avant Chanel
Tudo bem que o objetivo era mostrar a figura antes da fama, mas tinha que fazer um filme tão mela cueca? Sobrou romancinho. Faltou informação cabível e importante. Humpf!
Gostei mais desse cartaz aí de baixo. Só não existe imagem similar no filme... Excesso de liberdade representativa? Afe!
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domingo, 7 de fevereiro de 2010
Uma Pausa de Mil Compassos
Às vezes, o melhor é calar, porque há coisas que não se pode explicar. O nó na garganta é o prenúncio do inefável. A hesitação é delatora. O silêncio, conclusão. Um ser em expansão tem que ter consciência de sua condição. A verdade que hoje clama pode, amanhã, soar um grande blefe.
Eu não blefo. Sou do bloco dos sinceros. No entanto, aprendi que sinceridade não é sinônimo de fruição. Existe aqui uma ponte, uma coisa que leva à outra. Só que este é um caminho para raras travessias. Pois também eu, quando solto minha voz nas estradas, não quero parar. Mas se o caminho é de pedra, torna-se difícil sonhar.
Minha inocência desfaleceu-se. Não sei muito bem se agoniza ou simplesmente jaz. Mas nem tudo me é claro. Como reconhecer o momento exato? Como calcular a medida certa? Não sou pessoa de comportamento, sou da atitude. Não enxergo limites, mas sim horizontes. Não crio dificuldades, desenvolvo aprendizado. Não acumulo fracassos, apenas experiência.
Quando baixa a poeira é que se vê a trilha. Previsão não enxerga nada. Quando estica o braços, não toca. Deve ser usada vide bula:
Posologia: sensibilidade
Precaução: intuição
Reações adversas: privações
Contra-indicação: medo.
Eis aqui um grande vilão. Ter medo é coibir-se. É das coisas com as quais eu nunca soube conviver. Mas ele também nunca me pareceu sutil como agora. Sempre me foi tão assustador quanto aquilo capaz de causá-lo. Hoje vejo que ele pode ser discreto, incutido e pior, cultivado. É tal a felicidade, leve como a pluma. Quando achamos que ela se vai pousar, o vento a lança de volta para as alturas.
Não quero ser impávida como Muhammad Ali nem destemida como Luz del Fuego. Não entrego os pontos antes do apito final, mas também não posso, estropiada, enfrentar uma luta perdida. Só jogo se for limpo, não luto se for contra. Na dúvida, mergulho em mim mesma.
Além, só há o mundo. Assutador e renovador como a morte. Tranquilo e infalível como o destino dos bons. À velocidade estonteante da estrela distante. Sob a única certeza da certeza por si só. O óbvio revelado no sorriso quando nasce.
] músicas citadas [
Para Ver As Meninas - Paulinho da Viola
Travessia - Milton Nascimento
A Felicidade - Tom Jobim & Vinícius de Moraes
Um índio - Caetano Veloso
Luz del Fuego - Rita Lee
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